MEUS OLHOS BAILAM
Meus olhos bailam com a beleza de pequeninos pés
Bailam sobre saudades floridas, com ligeireza
E minha poesia borboloteia de lés a lés
E é singela flor do campo, mas tem beleza.
Arranca arrepios deste corpo esquecido
Dona das minhas esperanças, decifra meus segredos
Ateia meu olhar quando anda perdido.
E deixa a saudade escarpar-se por entre os dedos.
Quem nunca sonhou?
Quem nunca desejou?
Minha existência se consome rápidamente
Cada segundo é parcela que se esvai
Pinto meus anseios numa tela lentamente.
E olho a lua sobranceira que do meu céu não sai.
É progressivo meu esquecimento
Às vezes minha solidão aumenta
E as palavras que entoo são recordação e tormento
Quando quero lembrar e a memória não assenta.
Se grito, responde-me apenas o eco
Sinto nos ouvidos a toada
Chego ao cimo do monte, trago meu coração seco.
E uma asa cortada.
E na outra, o sonho a esvaziar!
E minhas horas passam sem as puder parar.
Resta um fio de esperança, qual flôr recém aberta,
por gota de orvalho matutina
O tempo não perdoa e eu fico alerta
Mas é Deus quem meu tempo destina.
rosafogo
natalia nuno