Tem uma canoa seguindo sem rumo
Pelo rio da vida
Um rio que se alarga
Até chegar ao nada
Uma canoa banhada pelo por do sol
Que abre caminho por cima da floresta
Por dentro do verde da vegetação
Tocando com sua claridade cada fresta
Uma canoa pintada com cores de desesperança
Que sacia sua sede de sonhar olhando o tempo
Procurando nas árvores o colibri
Sonhando com os dias de felicidade que não vivi
Tem uma canoa buscando a beleza do entardecer
Como a beleza solitária que ainda sonha ver
Que ainda pode vir
Que ainda a faz sorrir
Uma canoa que baila no rio sem vida
Sem peixes no aquário quebrado
Sem boto cor-de-rosa
Ou unicórnio alado
Tem uma canoa acariciada pelo por do sol
Que navega dentro da floresta ilusória do meu coração
Beijada pelo olhar do vento
Um vento chamado solidão