Dei as costas a mim mesmo

A vida é mais do que se mostra.

Nos enganamos com o pouco que ela nos dá.

Grandezas maiores ela esconde,

Ela não se deixa mostrar em alegria.

Pensei não ser seu merecedor

Ou que fazia tudo errado, por isso não a tinha

E não a vivia com intensidade,

Mas hoje sei que estava errado.

A vida estava exposta,

Tal qual um livro aberto ao meio.

Fez de tudo para que eu a visse,

Mas fui cego e se já não bastasse, fui surdo.

Com isso cortei qualquer possível aproximação.

Não a enxerguei.

Pensei que viesse lindíssima,

Em forma divina.

Com cabelos longo, loiros e lisos.

Imaginei ainda os seus olhos.

Eram verdes, grandes e brilhantes,

Esbanjavam alegria e carisma.

Sua voz era doce, baixa, sublime.

Mas ela apareceu triste, apagada

Assim como pegadas deixadas na areia.

Seu olhar era morto,

Ele não brilhava como eu havia imaginado.

Suplicavam alegria,

Pedia para que eu lhe enxugasse as lágrimas.

Não dei atenção quando ela falou,

Pois sua voz era aguda, desesperada.

Incomodava.

"Ajudem-me, por favor,",

Gritava ela desesperada,

Mas neguei-lhe ajuda.

Não a considerava importante,

Não achei cômodo ajudá-la,

Afinal, não era o que eu buscava.

Fez-se o silêncio.

Sua voz, que no meu silêncio não ecoava, sumiu..

Esperei a vida em idealização.

A esperei belíssima, assim como o sol apontando no horizonte,

Anunciando ao mundo o seu nascer.

Em meus pensamentos ela era luz que radiava esperança

E fogo que me aquecia em amor.

Mas ela não apareceu,

Minha musa idealizada não apareceu.

Compartilhei com ela as minhas dores, angústias e lamentações

Não matei sua tristeza

E ela não me deu alegria.

A vida que tanto busquei

Estava ao meu lado, bastava eu transformá-la,

Mais fui fraco, mais fraco que ela.

Olhava ao espelho e só me via.

Estava apagado.

Sustentado pelos pilares:

Tristeza, amargura e medo.

Precisei de ajuda e não me ajudei.

Implorei olhares e não me olhei

E quando falei, já estava surdo.

Dei as costas à mim mesmo.

Agora, colho o que plantei

E questionar essa questão já não posso,

Pois fui eu meu próprio carrasco.

Matei meu maior sonho.

Agora sou forçado a viver na angústia de estar só...

Dsoli

Dsoli
Enviado por Dsoli em 22/06/2010
Código do texto: T2334876
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