Caixa
Dentro de uma caixa estou presa
Um quarto com apenas uma janela
Não presa por um crime
Nem por vontade própria
Já não tenho minhas próprias vontades
Da minha janela vejo o dia nascer, a tarde esquentar e a noite chegar
Sinto-me sozinha, dentro da minha caixa, com frio sem meu coberto
Da minha janela vejo um lago atiro uma pedra e vejo-a pingar lentamente
E sempre assim os tempos me passam aqui presa na minha caixa
Já não tenho minhas próprias vontades
Vou vivendo a vida sem interesse de vive La
Condenada a esperar a morte não podendo eu findará por me mesma
Da minha janela vejo o mar louca de vontade de nele pular
Mas ele e tão grande e azul sem fim e ninguém comigo pulará
Não presa por um crime
Nem por vontade própria
Já não tenho minhas próprias vontades
Dentro da minha caixa tenho um vaso de flores
Às vezes eu o rego tento esquecer-se dele e tentar matá-lo, mas elas não morrem
Dentro da minha caixa tenho uma banheira
Às vezes nela me refresco sem sentir calor apenas para o tempo passar
Quando sinto fome, eu como
Quando sinto cede, eu bebo
Mas da minha caixa eu não saiu
Não presa por um crime
Nem por vontade própria
Já não tenho minhas próprias vontades
Não sei se é loucura,
Às vezes eu me enfureço
E nada tenho para quebrar
Parece-me que meus atos afetam fora de minha janela
Seu eu me enfureço no mar vira tempestade, o dia demora pra nascer
A tarde demora pra esquentar a noite já parece que jamais vai chegar
Então parece mais loucura ainda
Se eu me acalmo La fora também se acalma
E nascer um arco-íris, e a tarde passa a noite chegar cheia de estrelas
Mais do que basta, e meu castigo vive dentro de minha caixa
Pois esqueci como se ama, e tenho medo de La fora me ferir
Sinto-me bem e mal conseqüentemente, nem vale o esforço de sair da caixa
Não presa por um crime
Nem por vontade própria
Já não tenho minhas próprias vontades
Então vem aquele lindo brilho me faz ter lembranças
Que um milésimo de segundos eu me sinto bem
E tenho vontade de sair da minha caixa
Foi meu castigo viver na minha caixa com a minha solidão
Minha única companheira fiel, tantas às vezes me apoio
Depois que tu se foi vivo dentro dessa caixa
Não presa por um crime
Nem por vontade própria
Já não tenho minhas próprias vontades
Adalberto Sousa “Cismei que sou poeta”