VESTIDA DE SEGREDO
Queria poder ficar,
Perene sob os olhos do céu,
Fazer azul na alegria de ser eu,
Receber azul na magia de ser você.
Estar entre seus lábios,
Na palavra que salta e voa,
Caminhante na estrada,
Nas ruas do vento.
E quando o tropeço fosse a neblinas,
E o frio fizesse em assento,
Meu corpo haveria de descansar.
Só que, apenas você,
Vestida no segredo,
No velho hábito de amar,
Rasgaria as vestes e sairia nua,
Despida ao encontro,
O externo, terno e meigo pilar,
Fortaleza, inexpugnável,
O dom de socorrer o aflito.
Ah, doçura verde de campina,
Faz-se celestial na retina,
Rebuscando, invadindo cada sonho,
Fazendo ilusões onde o fim,
O princípio das minas,
Retocadas parecem querer explodir,
Sufocando a emoção de estar,
Sem nunca ter tido
Entre as mãos a gota da vida
Que a humanidade busca ansiosamente,
Nos degraus feitos pelo próprio semelhante.
Rendo graças, por este pingo de dor,
Não ter vindo ao meu encontro.