NOSTALGIA
A noite chega,
a mansidão da tarde já se vai.
Assim também
vou eu,
em caminhos escuros,
ruas desertas,
chuva que faz
estrelas brilharem
ao chão.
Sigo,
deserta de mim.
Nostálgica, talvez.
Triste,
Cabisbaixa.
Há muros ao redor.
Espinhos
na relva molhada.
Minha pele
se corta.
Leves traços
demarcam o espaço
entre o sangue
e a água.
Também,
em meu coração,
pedaços desprezados
delimitam
os sonhos
da dura realidade.
Cai ainda a chuva,
intrigante sonoridade
que se espalha ao ar.
A gélida penumbra
deixa marcas
em mim.
Ainda há a madrugada
a espreita
da hora morta.
A morte
enfim!
[Milena Medeiros]
31*03*10