teus olhos

ESSA pureza que encontrei,

perdi em sentimentalidades futeis,

não firmei-me sobre a ponte de madeira,

e cai nas pedras das águas,

elas me cortaram,

como tu fez ao dizer que não dava mais,

que eu era plano para o passado,

e nós que sonhavamos com o nunca vai existir o nunca,

acabou que o sempre teve fim,

me senti sozinho,

despareci em cavernas,

dentro do meu peito,

nesse rio de veia,

quando a maré me enchia de ódio.

do que bebia nem vinho me satisfazia tanto,

meu rancor era feito de singelas culpas,

ela era vã, era sã,

nosso futuro duvidoso acabou,

não durou nem mais que semanas,

mais durou uma eternidade pra acabar com meu peito,

minha felicidade de carne,

tornou-se ódio de pedra,

meus musculos tornaram-se flácidos,

que nem meus dedos consegui levantar,

minha feridas me traz alegria,

quando vejo as correntes de sangue,

descer nos gumes dos meus peitos.

minha intolerancia aquietou-se,

me fiz de barba, de sonhos,

e mais raiva vinha a mim,

eu sou a arca, que guarda casais de mágoas,

eu sou o casal que pus no meu mundo,

eu levantei meus mandamentos,

matei meu irmão imaginário,

escrevi meu proprio livro,

de muitas páginas pra não me sentir tão só,

fiz minha propria cruz,

cai tres vezes,

mas ninguem me levantou,

nem mesmo o diabo,

nem mesmo eu mesmo,

me senti tão só,

que quando preguei a primeira mão doeu muito,

e morri assim,

de tristeza por não conseguir pregar a segunda.

Marcos Pagu
Enviado por Marcos Pagu em 07/06/2010
Reeditado em 19/07/2010
Código do texto: T2306520
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