Comida do mundo

De tão insensato,

Nem digo.

Porém sinto-me tentado,

Pois digo!

Para além do meu umbigo,

Cabe um mundo inteiro.

Minha infância,

Fora sempre na distância,

Do olfato, do tato, do beijo.

Só me ia, nunca me veio.

E de desforra, sem receio,

Numa bocada comi o mundo inteiro.

Cresci assim, sem o fim, só com o meio.

Afinal, que importa se perto de mim

Existe o começo do mundo inteiro?

Tenho fome de tudo.

Mas quero a comida

Dentro do meu bucho,

E lá encerro minha vida contida

Gabriel Tosquera
Enviado por Gabriel Tosquera em 07/06/2010
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