O Dono do Tempo
Os relógios que tenho na parede
não guardam compromisso com hora certa,
não têm como função servir de alerta
nem de avisar que o tempo está passando.
Esses relógios, na verdade, só me valem
como válvula de escape à frustração
de não poder fazer com que se calem
nem que entreguem o tempo em minha mão.
Em represália, eu os deixo assim parados
mas sinto do destino a ironia
porque ainda que os tenha amordaçados
eles, a rir da minha pretensão,
marcam a hora exata duas vezes todo dia.