Reflexos
A flor entreaberta, vermelha
Recolhida ao sepulcro aguardava,
Não sei se parecia um apelo, algo que se assemelhe
Com súplicas, anseios vindos,
Aflorando ao contato supremo.
Colei, então, colado aquela boca
A minha, o encontro primeiro,
O beijo inesquecível de Ane Louise.
O primeiro ponto buscado na carne
Deixaram traços, vincos firmes,
A que, momento a momento
Eu, simples mortal pudesse reconhecer novos,
Grandes, pequenos, leves efêmeros
Mas, sempre encontros.
Vieram os pensamentos, as ilusões,
Caminhei nas vielas, ora brilhantes,
Por vezes escuras, conheci a saudade,
Não aquela vinda ao meu encontro,
Ladeando anteriormente.
Conheci mais de perto o desejo,
O calor da carne parceira,
Mas, ainda foi desta a feitura
O encontro da pele, corpos nus,
Enquanto as palavras se esbarravam,
Trocavam rumos no espaço.
Ah, daquele encontro de bocas,
Quanto e quanto restaram, grafando
Desenhando minha vida,
Marcando novos e novos encontros
Para que eu soubesse encontrar
Como se fosse frente a um espelho
Minha imagem, meu interior.