Nulidade

Nosso tempo já passou,

Foi um vento, brisa que soprou,

Chuva miúda que pouco molhou a terra.

Nossa hora extinta,

Foi um rabisco nulo,

Errôneo nas avenidas,

Nas poeiras poluindo o azul.

Nosso minuto, um gesto vindo,

Dois encontros, duas pausas,

Bocas infalíveis ao beijo,

No súbito pudor de corpos,

Na entrega retraída

Desapercebidamente esquecida,

Entre as cobertas não usadas

Onde a pureza intocável se escondeu.

Nosso segundo... Foi longo,

Carregou uma estória,

Duas épocas, princípio e fim,

Neste meio onde apenas existiu,

Vive e adormece em minhas noites,

Apenas em meus segredos,

Nas falsas alegrias, nas hipócritas fantasias,

Coloridas, perfumadas

Trajando meu ultrajante uniforme

Vestuário das incógnitas

Das perguntas que deixo no ar

Tragando a poluída saudade

Nos vícios que me drogam

No totalitarismo da dependência.