Do que me dói...
Não me dói mais a ausência.
Dói-me a falta.
O vazio que deveria ser preenchido,
Mas que teima em manter-se abrigo de um nada frio.
Não dói-me o passado.
O caminho que não foi trilhado.
Dói-me o caminho fácil
Os amores [hoje] tão banalizados.
Dói-me o abraço apertado.
Inaugurado pelo anseio do peito.
Que as palavras exprimem num abraço calado.
Dói-me escrever.
Quando só o que desejo
é viver.
Dói-me ter que esconder.
Por não ter a fórmula e [poder]
simplesmente resolver.
Enfim,
dói-me,
e quase mata,
esse concreto que deveria me facilitar o caminhar,
mas que só faz [me] ilhar.