Noite de sonhos
Enquanto não chega a branca vela
- que solitária e lentamente desvela
o que aqui guardo tão contrito -
prenderei o meu sufocado grito
até onde me for possível sonhar...
Não sei se por medo ou respeito
permanece firme no meu peito
a angústia que tanto exaspera.
Qual paciente em cansativa espera
aguardarei até onde eu possa sonhar...
Chegado o barco do meu desejo
- que gasto e tristemente vejo
a falta de quem deveria chegar –
derramarei o meu pranto devagar
até onde me for possível sonhar...
Não sei se por teimosia ou herança
permanece a dificuldade de criança
a ditar os meus imediatos passos.
Qual artista misturando traços
produzirei até onde eu possa sonhar...
Assim, triste ou cético esperando
- guiado pelos sentidos e divagando
sob os cortantes ventos de açoite –
passarei, insone, mais uma noite
até onde me for possível sonhar...
R. Dantas
Fevereiro/09