Noite de sonhos

Enquanto não chega a branca vela

- que solitária e lentamente desvela

o que aqui guardo tão contrito -

prenderei o meu sufocado grito

até onde me for possível sonhar...

Não sei se por medo ou respeito

permanece firme no meu peito

a angústia que tanto exaspera.

Qual paciente em cansativa espera

aguardarei até onde eu possa sonhar...

Chegado o barco do meu desejo

- que gasto e tristemente vejo

a falta de quem deveria chegar –

derramarei o meu pranto devagar

até onde me for possível sonhar...

Não sei se por teimosia ou herança

permanece a dificuldade de criança

a ditar os meus imediatos passos.

Qual artista misturando traços

produzirei até onde eu possa sonhar...

Assim, triste ou cético esperando

- guiado pelos sentidos e divagando

sob os cortantes ventos de açoite –

passarei, insone, mais uma noite

até onde me for possível sonhar...

R. Dantas

Fevereiro/09

betodantas
Enviado por betodantas em 27/04/2010
Código do texto: T2223430
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