um dia acabado

a noite esquecera

de lhe fazer companhia

e mesmo que ela quisesse,

não poderia

chegara cansado

a persiana não fora sacana

fechara-se pro escurinho

do quarto, jamais imaginaria

como ela pudera fazê-lo

quando acordasse depois

o que faria sentido?

certamente não era

como tinha corrido

o dia de hoje

não era dado a balanços

embora vivesse balançando-se

ao som da melodia do pêndulo

fatiara o dia

mas não poderia

fazê-lo com a noite

chegara cansado

seus olhos não o imprensaram

contra a parede

viram que não poderiam

iriam deixá-lo com sede

o que não teria perigo

pois ele teria esquecido

pois ele chegara cansado

depois de se ter entregado,

achando que a noite é um ganso,

foi que apelou pro descanso

de um sono profundo e calado

depois de ter se lembrado

que nada é maior que a eloqüência

da ironia da vida

depois de um dia acabado...

Rio, 14/04/2010

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 21/04/2010
Reeditado em 21/04/2010
Código do texto: T2211527
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