Estou morto e não sei
A dor da perda é frustrante.
Alguém que era tão importante
Sai de nossas vidas
Sem nos dar a oportunidade
De lhes dizer o que sentíamos.
Jovens, velhos, crianças...
A morte quando vem
Não escolhe,
Não faz seleção.
Pega quem estiver na frente,
Sendo, a nosso ver, injusta.
Planos ficam para trás,
Metas não são alcançadas,
Vidas são interrompidas.
São fadados ao congelamento,
Ao esquecimento eterno.
Resta-me chorar,
Resta-me lamentar a perda,
Resta-me acusar a morte de ladra,
Resta-me desaparecer,
Resta-me lhe acolher em meus pensamentos,
Em meus olhos.
Ah Deus,
Como queria que tivesse sido eu!
Ah Deus,
Porque permitiu isso?
Tão jovem!
Tão sonhadora!
Tão amada!
Tão querida!
Tão admirada!
Por que me deixou sozinho?
Por que me isolou em seu amor?
Ah que dor!
Como dói a partida.
Como dói o adeus sem intenção.
Quero teu abraço
Me confortando da solidão.
Quero tua voz
Sussurrando em meus ouvidos, carinho.
Quero tua mão
Acarinhando meu rosto.
Quero teu olhar
Mergulhando em minha alma.
Quero teu cheiro
Habitando o meu corpo.
Quero teu beijo
Tomando em calar.
Quero teu silêncio
Gritando em meus ouvidos amor.
Partiu tão cedo!
Perdi minha razão de viver!
Perdi minha vida!
Perdi você.
Ah morte, por que não me levou?
Ah morte, por que quis me maltratar assim?
Ah morte, por que foi tão mesquinha?
Ah morte, por que foi tão egoísta?
Leve-me junto contigo
Leve-me à minha amada.
Deixe-me vê-la,
Deixe-me senti-la,
Deixe-me acalmá-la.
Deixe-me...Só deixe-me!
Jaz nesse mundo um moribundo.
Uma carcaça viva que os urubus não comem.
Livre-me desse tormento.
Livre-me dessa maldição.
Livre-me do viver!
Estou morto e não sei.
Estou escuro e não sei.
Estou só e sei, infelizmente o sei.
Em apelo peço:
Volte e me leve contigo.
Leve-me ao descanso eterno.
Leve-me ao silêncio.