Alma Gêmea Fugidia
Leio um livro
O personagem
Está sozinho
Em busca do
Tempo perdido.
Um pouco como
Você e eu. As
Personagens estão
Sozinhas. A solidão
Independe de que
Você a aceite. Ou não.
Tudo volta, retorna.
Passa. Outra vez a
Rosa dos Ventos norteou
A bússola da estação.
Primavera, inverno,
Outono, verão. O tempo
Volta de tão longe e o
Gestual da sala de jantar
Volta a estar aqui, eterno
Retorno de sua habitação.
Você se agarra ao amanhã
Não quer voltar à mesma
Moradia. Você descobre
Que jamais voltará. Porque
Você nunca será a mesma
Pessoa. Tudo mudou. Você
Outra vez principia. Aqui
Estás: eis outra vez a solidão.
Na circunferência voltaste a
Estar no mesmo ponto cardeal.
O Norte da bússola aponta outra
Direção. Não és tu quem abre a
Mesma porta outra vez.
Conclusão: não estiveste neste
Lugar anteriormente, desta vez
Pela primeira vez
Retornaste à morada dos sonhos
Onde não há limitação. A jornada
Apenas começa. A estrada não tem fim.
Ainda que retornes ao mesmo
Porto da solidão. Buscas o caminho
Sair do círculo fechado. O Senhor
Dos Anéis não aponta o lado para
Onde precisas ir. Buscar e encontrar
Sozinho o teu caminho, a tua
Verdade. Você precisa ser o pai
E a mãe da própria necessidade.
O passado celebra-se em cinzas.
Porque estás pela 1ª vez aqui. Outro.
Nascido de novo de tua realidade.
Celebras a separação definitiva de
Teus ossos dos ossos ancestrais.
Outra é a rotina de teus ritos.
Sem sequer uma mínima saudade.
Teu corpo mesmo inerte não há de
Fazer companhia aos restos dos
Restos mortais. O mausoléu da
Família não terá teu nome nele
Inscrito. Teu paraíso perdido não
Atrai nem um pouco a atenção.
E mesmo que tua Eva ainda esteja
A caminhar em círculos, nem
Desconfia que teu nome não é
Mais Adão. E no solo cíclico de
Teu prazer, estás completamente
Só, mas livre da fera da solidão.
E agora, outro dia nasceu. Eu, Tu
Sabes que não voltarás jamais ao
Lugar original de sempre. E que no
Círculo do Senhor dos Anéis não há
Ninguém para dizer "tudo bem"?
Ninguém para dizer adeus.