Corro pelo alheio mundo dos alheios

Fui mestre em ignorância!

Fui mestre em falta de saber!

Assumi culpas,

Que não me cabia assumir.

Assumi culpas

Para ser aceito,

Para me sentir importante e lembrado.

Gritei...!

Ignorei verdades,

Acolhi mentiras

Me passei por alguém que não era.

Só para ser, quem sabe, notado.

Me rotularam!

A casca,

Que me recobria o corpo, me impediu de sair.

Os gritos, as lágrimas e as lamentações

Ecoavam em um ser prestes a estar oco,

A estar vazio.

O tempo foi majestoso.

Torturou-me em tristeza,

Torturou-me em conhecimento

E o ser amargo, em que havia me tornado,

Despediu-se,

Disse “adeus”.

Jazi a um leito de dor.

O esquecimento tornou-se frustrante.

A loucura de estar só

Doía-me o coração, não mais existente.

Fui conhecedor de mentiras.

Aos poucos elas foram se tornando o que eu chamava de vida.

Durante anos foram as minhas aspirações.

Mentiras que, impetuosamente,

Me forçaram a ser o que havia sido.

Tornei-me um símbolo,

Um marco de prepotência e arrogância.

Fraco

E frágil

Me passava por seguro,”o seguro de mim mesmo!”.

Não me permiti aproximar-me de ninguém.

Não me permiti chorar.

Meu medo maior era que me descobrissem em sensibilidade.

Meu medo era que sentissem pena de mim.

A obediência a esses princípios me fez cego.

Surdo e mudo também.

Assumi inutilmente as culpas alheias

E quando precisei que assumissem as minhas, ninguém o fez,

Ninguém assumiu.

Estava só,

Mais só do que nunca antes havia estado.

Vago hoje em rumo ao desconhecido.

Corro em direção ao principio do saber.

Corro por uma estrada desabitada.

Corro por caminhos em que sonhos

São impossivelmente possíveis,

São irreais, tornando-me também.

Corro pelo alheio mundo dos alheios.

Não tenho mais o mundo em sonhos

Nem os sonhos em realização.

Nunca os tive!

Corro indefinidamente ao principio do tudo.

Talvez o tudo que fui em transitoriedade, seja agora nada.

Seja a minha vida em monotonia.

Talvez eu em nada,

Talvez o pássaro mais austero, e mais ávido, e mais livre

Que agora tem em si solidão.

Tenho em mim o mundo em ilusões!

Tenho em mim o mundo em frustrações!

Dsoli

Dsoli
Enviado por Dsoli em 19/04/2010
Código do texto: T2206277
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