O Despertar tardio
Não consigo me lembrar,
Quando foi meu último momento só,
Onde eu conseguiria ouvir
O simples bater em meu próprio peito.
Não tenho mais a lembrança,
Daquele sorriso espontâneo
Que aparece sem querer,
Por satisfação no que vivo.
Não sinto o prazer,
De concluir algo,
Premeditado por mim mesmo,
E alcançado com suor.
Mas eu lembro das obrigações,
Daquilo que deve ser feito,
Mesmo que eu não queira,
Mas que me traga lucro.
Ainda ouço piadas,
E mostro os dentes,
Pra confortar aqueles ao redor,
Sei que posso fazer o que bem penso,
Dentro daquilo que me permitem.
Quando foi que eu permiti,
Que fosse tirado o que eu não tinha,
O que ainda não conhecia?
Quando foi que eu permiti,
Essa vida que eu não queria,
Que eu nunca imaginaria,
Muito menos desejaria
A qualquer outro moribundo?
Quando foi que eu mudei,
E então me deixei,
Fazer escravo de um rei,
Que nem ao menos sei,
Se sabe mesmo fazer leis.
As leis quem fazem somos nós,
Mesmo, que ainda a sós,
Em mentes de emaranhados nós,
Retornem ao pó,
E façam outro sentirem dó,
Daquilo há muito perdido,
Num futuro próximo esquecido,
De um poeta perdido,
Iludido,
Fenecido,
Um amigo,
Que como criança,
Brinca de ter vivido.