Mensagem urgente
Mensagem urgente
Há uma poesia morrendo
Afogada no mar revolto
Da paixão
Mensagem urgente
Há uma poesia encravada
No topo da montanha
Vivendo com um ermitão
Sombrio e mudo
Quase enigmático
Mensagem urgente
O telégrafo se recusa a transmiti-la
Esse é o último dia de suas vidas,
Esse é o último poema,
Que escorre pela sala, cai no ralo
E se perde nos infinitos internos
E perdidos...
Nos labirintos dos caminhos,
No andejar compassado dos peregrinos
Mensagem urgente.
As pausas suspirantes estão
arfando as rimas esquecidas,
os afetos desencantados,
os acenos engessados
Os signos indecifrados
Que permanecem perplexos
Diante de minha retina.
Na lentidão da tarde,
Dorme a esquina sozinha
E, a mensagem urgente
Não é entregue,
Não é expedida.
A mensagem urgente
Informa triste que hoje o lirismo
Se matou tal qual Romeu
À espera de sua Julieta, a poesia...
Seus inimigos não vivem
Seus amigos não entendem.
Só a urgência das palavras que
Encontrou em silêncio,
A fonética fatal.
Mensagem urgente.