Mensagem urgente

Mensagem urgente

Há uma poesia morrendo

Afogada no mar revolto

Da paixão

Mensagem urgente

Há uma poesia encravada

No topo da montanha

Vivendo com um ermitão

Sombrio e mudo

Quase enigmático

Mensagem urgente

O telégrafo se recusa a transmiti-la

Esse é o último dia de suas vidas,

Esse é o último poema,

Que escorre pela sala, cai no ralo

E se perde nos infinitos internos

E perdidos...

Nos labirintos dos caminhos,

No andejar compassado dos peregrinos

Mensagem urgente.

As pausas suspirantes estão

arfando as rimas esquecidas,

os afetos desencantados,

os acenos engessados

Os signos indecifrados

Que permanecem perplexos

Diante de minha retina.

Na lentidão da tarde,

Dorme a esquina sozinha

E, a mensagem urgente

Não é entregue,

Não é expedida.

A mensagem urgente

Informa triste que hoje o lirismo

Se matou tal qual Romeu

À espera de sua Julieta, a poesia...

Seus inimigos não vivem

Seus amigos não entendem.

Só a urgência das palavras que

Encontrou em silêncio,

A fonética fatal.

Mensagem urgente.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 15/04/2010
Código do texto: T2197738
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