A fumaça me distrai
em meio à suave beleza.
Repouso a xícara na mesa
com toalha leve e rendada.
E tudo tem gosto de nada
no dia que lento se esvai.
Eu fecho o livro miudinho
colocando-o num cantinho.
Será que estou sem alegria
ou apenas a manhã é fria?
Gostaria de ter um agasalho
que tivesse aconchego eterno.
Por que tanto me atrapalho
na mente torta e em frangalhos
a me irritar com o inverno?
Não importa o cinza-paisagem
(se é terno ou se é selvagem)
pois sei que meu gelo é interno.
Eu pago a conta do meu cafézinho
levantando-me triste, tonta
e caminho levando meus retalhos...
Silvia Regina Costa Lima
13 de abril de 2010