No meu Silêncio encontro a solidão.

Algumas taças de vinho, a música rolando, um cigarro aceso...

... e eu aqui vendo o nosso filme nos espirais.

A dúvida e o desejo de ter você são mais fortes do que eu.

É tudo tão latente que me consome.

Devoro-me no silêncio do meu “falar”.

Emudeço e ainda continuo pronunciando dentro de mim,

Um turbilhão de palavras confusas em função do que sinto.

Algo me pede para mensurar as atitudes, mas pulsa-me o indescritível.

Aos poucos sinto que os resquícios da paixão,

Transformam-se em sentimentos concretos, palpáveis e reais.

É parte de mim. Em tudo o que “falo” “vejo” você,

Até mesmo ao fluir das palavras, por mim, omitidas.

Ainda ontem, ao adormecer, sonhei que estavas ao meu lado.

Mais que depressa mergulhei nas sensações do sonho perfeito.

Sentia teu corpo quente e ofegante sobre o meu,

E o meu desejo apoderava-se de nós.

Trocamos poucas palavras, porque as ações eram mais constantes,

E nos acorrentava no fluxo do nosso “entender”.

Quando pensava em pronunciar algo, era emudecido por beijos,

Desfazendo-nos das palavras antes mesmo de serem lançadas.

Ao despertar de uma nova manhã, estava eu sem você.

Dei-me conta de que não tinha mais você. Comecei o dia em lágrimas.

Chorava porque ainda sentia tua presença, mas refleti sobre algumas coisas,

E percebi que nada do que me fizera, estava à altura das minhas lágrimas.

Ainda eu quisesse construir a felicidade que penso existir para nós dois,

Não conseguia, porque tudo estava sendo construído somente por mim.

Alicercei a relação a partir somente do meu amor, dispensando o seu,

Pensando eu tê-lo tal e qual o meu.

Despeço-me de você, pelo que fui e o que não consegui ser.

Sei que tentei retirar de meus pesos a razão para continuar ao seu lado,

Mas não consegui, porque eu estava só, como um coração deserto.

Agora peço-lhe para que me deixe, e aqui fico, e na minha saudade, vou existindo.

Rônet Alves de Matos

Aracati-CE, abril de 2010.