MORTE O ÚNICO E DEFINITIVO DESTINO
Estou aqui hoje a despedir-me
Das dores, de dissabores
Da solidão deste mundo cão
Desta existência bizarra.
Não serei imortalizada,
Pois em vida não fiz quase nada
Passei invisível por muitos olhos
Inclusive de quem amava.
Uma minoria ouvirei dizer
Morreu, coitada, de quê
Vários comentários farão
Doença, depressão
Mas ninguém acertará
Morreu de solidão.
Eu ouvindo, inerte no caixão
As derradeiras visitas
Bem arrumadas bonitas
Curiosas como se fossem a festa
Para aparar as arestas
Do que haviam perdido.
Enfim é chegado o momento
Da despedida final.
Cortejo, ritual
Um roçar de madeira no cimento
Choros, soluços sentidos
Dos que fui, ente querido
Mas um rosto não me passa desapercebido
Ao longe um belo sorriso
Marcado pela vitória
Atingiu seu objetivo.
Partí, projeto original
A quem ficou vida normal
Começo nova caminhada
Ao longo da minha jornada.