De Encontro a Uma Raquel

Debaixo de uma grande árvore , em meio ao campo aberto , eu vejo uma moça sentada no chão, de cabeça baixa chorando muito.

Vou me aproximando devagar, meio sem jeito me ajoelho ao lado dela. Lentamente ela vai erguendo a cabeça e me olha incapaz de conter a enxurrada de lágrimas que desenham pela sua face triste.

Não consegue dizer nada, é como se tivesse um nó na garganta e um aperto no peito, o vento balança seus cabelos negros como se lhe fizesse um carinho em vão.

Tento encontrar palavras de conforto mais ela tapa os ouvidos com as mãos trêmulas, tento olhar em seus olhos mais ela os fecha com força , tento tocá-la mais ela se esquiva e volta a soluçar de dor.

Não tenho mais o que fazer, a não ser deixá-la sozinha naquele lugar ermo, ela não se deixa ajudar, tem medo de amar.

Aos poucos vou me afastando, sempre olhando prá trás e a vejo na agonia e na libertação do choro mais sentido. Então eu paro e penso comigo mesma, como posso deixar aquela moça prá trás e seguir meu caminho como se nada tivesse acontecido.

Sem pensar volto correndo, em disparada e me ponho de joelhos em frente aquela criatura , seguro firme suas mãos e pergunto:

Qual é o seu nome e porque chora tanto menina?

Ainda de cabeça baixa ela responde:

Meu nome é Raquel e tô chorando porque hoje eu acordei triste e precisava de um abraço

E nessa hora eu descobri que aquela moça sentada ali na minha frente na verdade sou eu mesma , é que hoje eu acordei muito deprimida e pra não me trancar em nenhum quarto escuro , eu fui chorar em um campo aberto, onde posso desabafar

Ela me abraçou e ficamos assim por todo o domingo , onde a única frase que trocamos mutuamente durante esse abraço eterno foi:

Essa dor vai passar Raquel ! Vai passar...

Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 04/04/2010
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