Olhando o Mar
Na linha do horizonte se recorta a vela
qual mão a acenar dizendo adeus
rumando a outros portos tão distantes
e levando, pelo mar a fora, aquela
que vive em todos os momentos meus.
Lembro seus olhos verdes, penetrantes,
como os abismos do mar numa procela
que, espero, o barco não vá enfrentar
nessa viagem sem tempo nem destino
pois que só tem como norte a ilusão
que a mão, a acenar. triste revela
como se debruçada na janela
de um perdido e navegante coração.
A vela some na linha no poente
e um aceno final guardo no olhar
para servir de lembrança e inspiração
quando outro verso dedicar somente
àquela que partiu, e hoje no mar,
afoga o que ainda resta de esperança
em quem ficou em outra embarcação
e agora passa o tempo inutilmente
vendo o mar, até onde a vista alcança.