O SOL CHEGOU E NÃO ME VIU

Os raios de sol, os primeiros

Surgiram através das vidraças.

Na horta espreitei os feijoeiros

Olhei na ribeira verdes rabaças.

Um livro que ando a ler

Aqui caído no chão

Nas janelas?!

Brancas cortinas de algodão

Perguntas me faz a vida

e eu esquecida

não sei que responder.

Rodeia-me o ar livre

e um calor morno

Meu rosto se alegra e vive

sem ter linhas, nem contorno.

Fecho cortinas das janelas

e reparo em minhas mãos,

belas?

Já não são!

Fico-me por aqui sózinha

Entregue à meditação

Nesta vontade que é minha

De morrer neste meu chão.

Gastou-se a Vida sumiu!

Deixou-me um peso no peito

O sol chegou e nem me viu.

Trago meu tempo vazio

Sombrio a vida o tem feito.

Meus pensamentos errantes

Trago as palavras descontentes

Hesitantes, ausentes.

Quero só viver!

As janelas voltar a abrir

De júbilo estremecer.

Quando de novo o sol surgir.

À vida me quero cativa

Sentindo o sol me sinto viva.

natalia nuno

Mais um dia passado na solidão e tranquilidade da aldeia, onde o a paz nos poupa até o lembrar

da idade.