Dentro

dentro

guardo

o que de melhor amealhei

dentro

prendo

o que de pior semeei

dentro

escondo

o que não quero dividir

dentro

abrigo

amores não consumados

dentro

preservo

medos dissimulados

dentro

expio

as culpas que me infligi

dentro

acalento

os sonhos que esculpi

dentro

preencho

os intervalos em que morri

dentro

tão dentro

que às vezes

me perco

na procura

enquanto lá fora

o sol

atravessa os dias

e o tempo

açoita

a ânsia de vida