Enquanto Deus cochilava
A chuva chegou de mansinho
Molhando as folhas da mata
E as asas dos passarinhos
Eu que absorto divagava
Acolhi a chuva com carinho
Seu ruído macio no telhado
Fez-me crer que não estava sozinho
A chuva trouxe-me tanta ternura
Que na noite abriu-se um caminho
Então revigorei as velhas esperanças
Nas asas de um copo de vinho
Debrucei-me sobre a janela
Fitei a chuva, viajei no burburinho
Pensei com tristeza na humanidade
No futuro deste mundo mesquinho