Duplicidade

Duplicidade.

Tenho dois corações dentro do peito

quando um chora, o outro se atenua.

E se um traz em si vírus mordente,

o outro se redime e se situa.

Um é a minha parte indiferente,

o outro é a emoção, o toque, o grito.

Se um deles se assassina por ternura

o outro descortina o infinito.

Tenho dois corações dentro do peito.

Um lógico, racional, infiferente,

malicioso, exaltado, sempre ateu

O outro coração segue, carente.

Ambos corações imprevisíveis

num corpo que eu nem sei se é mesmo meu.

Marilia Abduani

Marilia Abduani
Enviado por Marilia Abduani em 07/03/2010
Código do texto: T2124321