SOL NO MEIO DO NADA
Meus passos não sentem o calor do tempo
Não como os ventos
Que cortam os telhados das casas
Que cortam as colinas que um dia deveriam ter sido minhas
Não tenho mais a ânsia de ser feliz
Meu trajeto foi feito entre pedras e poeiras
Não encontrei o riacho de água clara e cristalina
Que saciava a sede da mais linda de todas as meninas
Não estive no jardim onde a flor desabrochou
Nunca conheci os arredores onde vive o amor
Os olhos que conheci estavam longe demais
No meu deserto só conheci o estrondo do canhão
As borboletas que voavam ao meu lado já anoiteceram
Suas cores viraram vestes bordadas esticadas na estrada
Para quem estivesse perdido sem as roupas da vida
Sem o bocado de mel para adocicar seus dias sem sol
Não tenho sombra para descansar e olhar o rouxinol
Minhas bandeiras já não tremulam no meu mastro
Vou tentar acampar em algum lugarejo sem destino obscuro
E ficar por ali todo o tempo dos meus dias inseguros
Sou uma sombra que ficou sem sol no meio do nada
Esquilo sem comédia para brincar de falar
Não vou mais seguir o cometa que cortou meu azul
Já aprendi a não sorrir para não me enganar