Sofá da vida

Passei por lá, te vi. parei, dancei, sorri e fiquei...

Olhei ao redor para me acostumar com a penumbra

Sentir o olfato do prazer desconhecido...

Resolvi jogar tudo para o alto, chutar o balde

E entregar-me ao prazer , sem preocupações.

Esqueci do tempo, espreguicei-me na poltrona da vida

Sorrindo levemente com os olhos semicerrados de prazer

Aos cuidados de seu carinho percorrendo todo o meu corpo...

Estiquei as pernas e chutei para longe o sapato do labor..

As roupas sisudas da responsabilidade fui arrancando aos poucos

Quando percebi já estava quase nu esticado no sofá da vida

Os olhos ainda serrados fantasiando um amor desejado…

Peguei no sono. Adormeci, dormi muito...

O ruído do ventilador do teto aos poucos foi trazendo-me de volta..

Os olhos abrindo devegarinho foi percebendo as roupas espalhadas

O sorriso que arrebatara-me ao devaneio ainda estava armado em minha boca.

A realidade atacou-me como um raio, quando ouvi o latido do cão...

Acorda homem, que a vida é cruel, a sua realidade é áspera…

Olhe para o espelho e veja que de sonhos.. somente os poetas vivem...

Ouvi estas repreensões da Solidão que, encolhida, estava a minha espera

No canto da televisão…

Acordei, sem amor,

sem vida

e sem chão...