Nós três...

Em meu peito asila-se a solidão do mundo.

Sou águia sem asas e amor em abandono,

um céu desestrelado de tudo,

porque eu não mais sou ninguém, sequer um vulto!

Tudo passa, assim como as asas velozes

e a voz que traduz minhas palavras

e que, quando nascem, morrem podadas

e que, quando morrem, de nada se acabam.

Tu és o meu maior infortúnio,

a brisa enfurecida com o sal do vento

e se há entre nós dois a voz de algum lamento,

são em nós essas palavras a solidão de um surdo.