“ REPRISES DA VIDA “

REPRISE I

Eu via o tempo passar e tanta coisa mudar,

que eu como sempre imutável ser que sou,

me repetindo frases já escritas na tentativa

de mudar a mim mesmo.

Como já disse, assim torno a dizer.

Tornei-me poeta por ilusão.

Pois que ilusão maior pode haver que,

uma esperança perdida.

É um soldado que só que a frente da batalha

espera pela vida, é um herói que sem

pátria espera pela honra é um

guerreiro do tempo sem tempo para viver.

REPRISE II

Fiz-me poeta por acaso ou por medo,

de que a vida não me desse vida, para

relatar tão saudosa vida que me deste.

E neste meu caminho de esperanças e de luz.

Fiz-me companheiro de mim mesmo, solitário

sempre pelo caminho para descobrir as

esperanças que a vida mesmo me deixou.

Fiz-me também músico para meus próprios ouvidos

para ouvindo sempre a canção da solidão, não me desistisse

de cantar, pois cantar é viver e viver é escrever uma canção.

Fiz-me também ilusionista pois não há ilusão

maior que o próprio sonho que se perde,

e se há algo que sei ser é sonhador.

Fiz-me ainda uma criança pois em choros que chorei

encontrei doces de alegrias que me foram temporários

mais me calaram a aflição.

Fiz-me ainda um bom palhaço, pois para rir da

própria tragédia o meu próprio circo inaugurei.

Fiz-me ainda bom poeta, que para poder ser bom

poeta tudo isso já passei.