SEM NUVENS, SEM CÉU

Quando de ti ganhei nuvens, ousado,

achando ser merecedor, desejei o céu,

mas sonhei alto demais; então,

de tanto querer além do teu ofertar

extrapolando os limites do possível,

vi-me sozinho e vazio de sonhos:

nem bem as nuvens nem mal o céu,

fiquei sem teu alvo sorriso

e me foi tirado o sentido da quimera.

Quisera eu ter-me contentado

em possuir nuvens, tão perto do céu

já estava a ponto de quase tocá-lo,

contudo o coração humano

anseia sempre por mais, por vezes

muito mais do que pode alcançar;

destarte vê desmoronar seu castelo

construído em débil alicerce, e,

súbito, recebe do destino a sombria

dádiva da solidão.

Nesse toldado ápice, sem nuvens,

ainda mais longe do céu, bastar-me-iam

aquelas, pobre menino que sou, sim

eu me alegraria agora tê-las nas mãos,

fragmentos de ti, dando-me por feliz

por esse mínimo que se torna máximo

ao refletir o sentimento que te

vai na alma, outrora devotado a mim.

Eu trocaria esta solidão melancólica

por essas poucas nuvens que tu,

no entanto, já não me proporcionas.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 11/02/2010
Código do texto: T2081526
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