Tão Só!

Nas noites sombrias quando tudo se cala,
O silêncio me permite ouvir o som do vento,
Das folhagens secas de um lado para o outro,
Cada uma com sua espécie, misturando-se em
Pequenos redemoinhos tornam-se uma... Folha.
 
Nada há no pensamento que não se envolva neste
Vento. Que não sinta o choque sutil dos abalos
De temperamentos, enquanto a fineza dos galhos
As enlaçam, mas nada podem fazer; se lutam se
Despedaçam, folhas são folhas. Não têm escolha.
 
Aves noturnas voam lado a lado procurando alimento,
Não há descanso em suas garras, revolvem as folhas,
No seu apetite sem fim, matam seus rebentos,
São crimes não julgados, é o som que ouço da mata virgem,
Da selva aqui do lado, onde não há lei e nem pecado.
 
Amanhece o dia, tudo se esclarece, os pássaros voam
Livremente. Ah liberdade tão desejada! Agora são livres.
Eu encarcerada, liberta-me também _ pois, o vejo no quintal,
Folhas caem, pareço cair com elas e vejo como uma fonte
A desejar-me o mal, nos dias escuros da mata, não é feliz o final.
 
Torna-se a noite, do vento na folha ouço o açoite...
Sem dormir, vejo que tudo que há em mim, ainda é teu.
Tudo começa com uma escolha. Á árvore mata a folha,
A folha... Sou eu.