À lua

A noite enluarada e eu ali

Às margens do rio, leito da lua

Vigio a coberta d’água lisa e tua

Dorme mansa amiga encantada!

Inspira novos idílios e canções

Que a manhã já vem por aí

Brilha no seu palco de lágrimas

Amores findos fluem nesse leito

Leve, caminha rumo ao dia

Leva contigo minhas tristezas

Deixa a tua luz de prata em mim

Livra da noite a escuridão

Espera nova noite. E volta

Ilumina a água que me banha

Entre mim e ti, um pacto

Sua rubrica, essa luz enorme

Minha esperança por um fio

E o rio pequeno e frio

Transforma, cheia, o meu estio

E esta pele negra clareia

Estou nas cores que o desamor esconde

Que a lida traz e o sol comum faz

Espero-a novamente enluarada

Sua nua companheira de alma lua.