Solidão

Solidão de passos que não caminham na estrada

Na estrada que se esconde, fechada.

De abraços e risos distantes

Das saudades dolorosas, mas reconfortantes.

Solidão da falta de um afago, de um amor

Da falta de uma palavra amiga, de uma flor.

De um sussurro ao vento

De um olhar perdido no tempo.

Solidão de vozes que se distanciaram

E dos espaços silenciosos que se alargaram

Derrubando escombros infinitos

Deixando á mostra medos irrestritos

Solidão de ser só

De ser osso e pó

De todos os dias iguais

De nada novo e cores banais

Solidão que inunda as celas da prisão

Correndo sorrateira pelo chão

Que voa em direções arbitrárias

Chocando-se com posições contrárias

Solidão por si só solidão

De amigos, de afeições.

De lembranças de canções

Por si só e sem perdão.

Uma pequena homenagem a quem se encontra nas grades da prisão. Todos erram e tem direito a uma segunda chance. Acredito que ao se estender uma mão, tudo pode se modificar, até um coração.