Agora é só isso, esse vazio, tudo o que somos
Agora é só isso, esse silêncio, tudo o que temos
Agora é só isso, essa espera, tudo o que fazemos
Agora é só isso para onde vamos, lugar nenhum

Eu sei morrer essas madrugadas todas, eu sei
Sei renascer com a aurora, ainda sei, sei que sei
Se me toca a ponta do véu essa escuridão
Se me fere essa tristeza... que glória é essa?
Se me cansa esse viver todo instante, para quê?
Se me insulta a luz de cada dia, o que me traria?
Esse catarro, esse pus, essa lágrima e o sangue
Esse ardor cá para dentro, essa febre aqui fora
Esse grito horrível preso na garganta
Esse ar sufocante de nenhuma poesia

Só o silêncio, só isso, tudo o que temos
Essa espera, só isso, tudo o que fazemos
Esse vazio, só isso, tudo o que somos
Lugar nenhum, para onde vamos...
E de onde viemos!
Agora é só isso, isso tudo...
morrer essas madrugadas...
uma outra aurora!
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 23/01/2010
Reeditado em 28/08/2021
Código do texto: T2046341
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