Solidão

Solidão é este vazio que sinto...

é a imensa cratera que resta depois da destruição,

o que era jardim agora é imagem soterrada,

aflitas paisagens que choram a dor da saudade,

outrora a esperança cultivada agora se vê desolada pela ruínas.

E se eu gritar agora? Alguém me ouvirá? E se chorar? Minhas lágrimas serão enxugadas?

Solidão, maldita hora esta escolhida,

e no meu quarto recolho meus cacos,

serão eles algum dia ainda colados, ou apenas reservada solidão irá guardá-los.

Imagens devastadas passeiam por minha memória,

lembra da tristeza apenas, esquece a felicidade, esquece tão fácil,

e eu tão pequeno me encolho ainda mais...

quem sabe eu ainda sobreviva, não tenha sequelas, não guarde traumas, mais um, mais dois...se contam infinitamente...eu me escondo...

Solidão, por que me leva cativo?

Por que me escolheu nesta hora tão ingrata?

Por que guarda minha face como a escolhida?

Eleita para viver uma vida tão solitária?

Para quê? Por que eu?

Se perguntas bastassem...

Se fizessem cessar toda dor...

Angústia perene que eterniza em meus pensamentos, aflitos, choram,

confessam, entregam-se na esperança de serem ouvidos...

Mas não são...nem mesmo o meu eco escuto...

Fria solidão, fria madrugada adentro...

enquanto alguns dormem eu respiro a friagem que desce,

serragem profunda que não congela, mas libera minhas aflições,

misturam-se a tantos espasmos de dor...

Solidão...quanto ainda falta para amanhecer,

se os braços do sol me aquecerem quem sabe eu possa me libertar,

ou quem sabe esquecer, e adormecer, enquanto sinto o calor,

falsa sensação de segurança matinal,

a luz enfim escondeu meus monstros, e eu por um instante irei sorrir...