O ÜLTIMO SUSPIRO DO HOMEM

Agora nenhum fato novo despertará tua atenção

Nenhuma perturbação te visitará

Não nesta noite

Tudo está em silencio ou longe

Teu telefone emudeceu

Tuas idéias secaram

O relógio na parede não marca as horas, tudo parou

Teus olhos perderam o brilho e estão secos

Teus amigos sumiram,

As fantasias estão cercadas

Não tens mais o amor de ninguém

Teus sonhos caem diante de ti um a um

Como pedacinhos de papel voando no vento

O show acabou

O futuro recusa-se a aparecer

Você está diante do grande espelho, acaxapantemente nu!!

Diante do espelho que você nunca quis olhar

Todas as tentativas que fizeste para escapar deste momento fracassaram

Tua maquina de subterfúgios emperrou

As possibilidades que tua mente engendrou resultaram em nada

Os planos armados, não funcionaram

O bilhete de loteria foi conferido e reconferido mas a sorte não veio

Teus devaneios não mais decolam,

Tua cabeça dói, tua alma está cheia de cacos de vidro

Teus olhos tentam fixar-se em algum ponto da parede deste quarto sem portas

Mas não há nenhum ponto a ser fixado

Tentas olhar para o teto, mas os olhos não te obedecem

Eles continuam olhando teu corpo brutalmente envelhecido ..

E você toma consciência de que não há saida

Você pensa então em Deus, mas a fé o abandonou há muito

Sua alma perdeu-se nos escuros

Tens que encarar meu caro, os fatos

Tua respiração está pequena e é o único sinal de que vives

E você do outro lado...estas tão triste!

E tua tristeza vem bem de dentro de você

Você quer pensar, você quer lutar, você quer achar um caminho

Mas não há mais caminhos

Você quer correr, mas suas pernas estão coladas no chão

Você quer gritar, mas tua língua está imóvel

Gritar para quem? Você desiste

Você está derrotado

Você apaga a luz

E dorme no piso

Como um feto sem proteção

Um filhote, abandonado nas estepes dos lobos

Você sente frio, você sente medo

Então, você espera o que tiver que ser e parte.

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 13/01/2010
Código do texto: T2027019
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