SOZINHA NO MUNDO
Ela está cansada e distante
Aprisionada em seu próprio fim
Um olhar ausente e entristecido
Logo se fecha – tão trancada em si!
Noites que não tem dormido
Dias que caminha sem rumo,
Sei que ela detesta sua rotina de
Batons, uísques e falsos sussurros.
Chora no banco da igreja vazia:
Recorda d’aquela menina bailarina,
Brincava de ser Ekaterina
Que dançava o Lago dos Cisnes,
Exibida guria que o pai dizia:
Pula em meu colo, pequena dama!
Agora que seu palco é a vida real e os
Espectadores são desconhecidos clientes que
Em teu colo derramam seus níqueis e órgãos quentes,
Enquanto ela implora que chegue logo o amanhecer
Para descansar sua dignidade em casa
Longe de qualquer freguês.
Retorna em passos lentos, asfalto frio, pés ardentes.
O rancor tamanho cresce mais que a vontade por repousar
O pesado silêncio da cidade que recém desperta,
Surpreende-se por não temer evaporar-se da vida...
“O que é humano?”
Ela está farta do real!
E de ser sozinha!
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