CASTELO DE AREIA
 
A estrela que nasceu no céu desabitado da solidão
Encontrou um lugar desestimulado pelas inundações de insucesso
Que permeavam os caminhos empoeirados e cobertos de pedras
Pela falta de vida em seus arredores que não recebiam nem carro de boi
 
Estrela infeliz que não tinha luz para abrandar a escuridão de seus campos
Que estavam abandonados e ilhados pelo desapontamento do filme falado
Que mostrava as dúvidas e falta de comunicação entre fotos desfiguradas
Brancas ou avermelhadas no fundo sem cores neutras para se mostrar
 
Campos desertos, sem habite-se ou sobrevive-se, sem predadores ou presas
Com árvores escurecidas de folhas secas que nem o vento quer levar
Para não trazer de volta as vagas estrelas que partiram deixando o lugar
De descaminhos que outrora estava repleto de puberdade a desabrochar
 
Descaminhos de ilusões desgastadas pelo tempo perdido entre lembranças
Que pintaram os quadros sem vida que foram colocados em lugar privado
Para não abrandar os dias que estão por vir entre as ondas que chegam sem nada
Vindas dos mares sem horizontes de promessas vistas sem binóculos ou óculos escuros
 
Estrela desabitada no céu sem diamantes para lapidar
Que nasceu e floresceu no coração ermo sem florestas
Que espera as orquídeas murcharem e partir para a reclusão
No castelo de areia construído na praia de pedra sem glória