Sopro de ironias
Ando por madrugadas solitárias,
Fujo até da sombra do meu pensamento...
E nas sombras me escondo do torpe vento
Que lhe traz de volta em sopros de ironias
Brisa que espalha versos não revelados...
Ânsias matinais de amor e ódio voraz
Arranca-me a alma e joga ao tempo fugaz,
Prados das manhãs invernais congelados
Num semblante tão pálido e já sem vida...
Eu que não queria mais lembrar toda noite,
Todo momento em lembro do doce açoite
Caminho sobre esta lembrança cálida
Fúteis pesares... Nobres contentamentos...
Que se inflamam no mais profundo silêncio
Somente esperando amanhecer sem vestígio
Do torpor do pranto de uma alma em fragmentos.
Lançado no torpe tempo a própria sorte...
Quem sem direção caminha sempre errante,
Fora amigo querendo ser pleno amante
Quem não alcança a vida e nem mesmo a morte...