Amarguras

Amargo fél que na minha boca desce,

Queimando tudo feito cachaça.

Tão forte que o peito emudece.

Os membros adormecem e

Não consigo dormir.

Quiçá pudesse sentir agora,

A mornura da tua tez morena.

A me aquecer nesta tarde fria,

Que chora forte feito criança machucada.

Machucado estou por não ouvir tua voz.

Não sentir teu calor, não saber onde esta!

Onde anda voce? em que nuvem se escondeu?

Em que planeta deste universo de Deus?

À tarde já se fez noite.

E continua chovendo lá fora.

Eu sozinho neste quarto frio penso em você.

Ah solidão atordoante, fere-me sem matar.

Seria a morte mais doce, mais suave.

A morte é a melhor amiga dos desesperados.

Mas, como estou sem saber se estou vivo ou morto!

Sou um pensamento insano, nebuloso!

Relembrando o gosto amargo da sua insensatez!

Viver de lembranças...impossível!

Já que todas me descem amargas.

Doce somente a lembrança,

Da futura morte anunciada.

Vou sim, mas deixo para ti.

Insensata e egoísta criatura.

Fique viva, mas como um zumbi.

Por desprezares este amor que em mim perdura.

Vivas eternamente, séculos e séculos.

Até que possas encontrar,

Nalguma calçada enlameada.

Alguém a quem possa amar.