Mentira

Eu em minha singela angústia

Artista que pinta solitário

O quadro de um homem

Cercado por figurantes insensíveis

Diretor teatral

De uma peça dramática

Mascarada por uma comédia

Obscuramente irreal

Na qual o ator principal

Num mal estar permanente

Só e inseguro constantemente

Passa imagem de um cara normal

Ator maquilado de simpatia e

Vestido de amizade

Que chora em silêncio

Pra não ouvir as próprias lágrimas

Protagonista

Articulador de tudo

Que solta um grito mudo

Desesperado por esperar algo que não sabe o que

A espera de um segundo ato

Ainda não escrito

Esperando que alguém

Um dia ouça esse grito

Tentando pregar adpisia de amor

Um cara que joga pelo empate

E sempre acaba derrotado

Passa na peça esse ator

E quando as cortinas se fecham

Espera outra sessão do drama inusitado

Atropelando os intervalos

Sem sentimentos contracenados

O ator sou eu

Meu palco: a vida

Ator obscurecido

Por incomensuráveis máscaras

Talvez meu teatro pessoal seja fechado

Por questões de segurança

Pois não vê-se saída,

Nem a de emergência

E quando as cortinas se fecharem

Alguns talvez esperem pelo segundo ato

E se lembrarão para se esquecerem rapidamente

Que este não foi escrito

E como em todo bom drama

O ator principal

Domesticado por instinto animal

Despede-se sem dar tchau

Raflas
Enviado por Raflas em 22/12/2009
Código do texto: T1991380
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.