Meu repouso!
Meu coração é uma lápide fria.
As asas que um anjo negro me deu
São como o peso do mundo em minhas costas,
Meus olhos vertem lágrimas de sangue.
Em minha boca, sinto o gosto do fel,
A solidão dilacera minha carne
E machuca minha alma.
Meus pés pisam no chão àspero e frio
E sinto espinhos em minha carne entrar.
Vou caminhando pela estrada sombria
Sem saber onde vou chegar.
Em meu peito, um grito reprimido
Querendo libertar o espírito,
Atormentado por tão longos dias
Buscando por um abrigo.
Meus dias cada vez mais se tornam trevas
E sinto o véu da escuridão me abraçar
Envolve-me em seus ternos braços
Cantando uma canção de ninar.
No leito de morte fui colocada
E oferecida em sacrifício à minha Deusa,
Que representa o sagrado feminino
Lembrada sempre seja.
Por fim, meu espírito se liberta
E agora pode repousar,
Encontrou refúgio seguro
Na eternidade há de ficar.