Reclusão
A imensa lacuna ficou,
Somente ela me segue pela vida,
Faz-me companhia, fazendo-me prisioneiro.
Fico nas grades, copiando o mundo que passa.
Nesta vaga desprovido de tudo,
Fecho-me em interiores vastos
Que se estendem pela minha meditante existência.
Minhas razões são buscas,
Fraquezas que me torturam,
Que fazem desta lacuna uma cidade
Coberta de solidões e vazios.
Às vezes penso em fugas,
Em abandono, em lentidão desaparecer
Pelos caminhos da paz.
Um dia hei de fazê-lo,
Hei de preencher este vago,
Este que palpita em sombras
Desta metrópole vazia,
Vagamente habitada pelas lembranças,
Imorredouras, apesar de tanto silêncio.