Algum lugar na solidão
Em algum lugar a terra fértil se molha de chuva
Os animais saem das tocas para sentir a brisa da noite
As árvores se enchem de verde
Em algum lugar a tempestade da serra nos convida para uma dança
E nós corremos juntos pelo lamaçal
O homem e a floresta num giro de água e ventania
Em comemoração a vida e a noite que cobre nossa terra
Em algum lugar no meu coração, na minha memória
Não há nada mais além da saudade
Meus olhos abertos observam as lágrimas escorrerem
Observo o momento, o segundo, a névoa que se espalha silenciosa
As cores que aos poucos se vão pelo horizonte
A simplicidade das folhas voando pela brisa
O trovejar das horas que nós não contamos mais
Nada mais me preocupa
Meu lugar sempre foi esse, minha busca sempre acaba aqui
Na minha terra, na minha mata tão verde
Em algum lugar onde a chuva abraça o homem
E o céu vem beijar as copas das árvores
Em algum lugar no meu coração tão triste
As lembranças viram realidade e percebo o quanto errei em não voltar antes
Em algum lugar na terra dos homens eu fiz meu caminho de volta
Na busca dessa lembrança tão distante da terra que deixei pra trás
Meu coração começou a doer, e a dor se tornou desespero
Os homens apagaram meus sonhos
Mas não impediram a primavera de florescer na minha terra
Em algum lugar eu me despeço de todos e volto a ser quem sempre fui
Parte da vida, parte dessa minha terra
Parte do sonho, parte de toda a solidão
E aqui, em algum lugar na montanha, eu sigo sozinho na chuva
A estrada que escolhi seguir e por onde não pretendo voltar