SOLIDÃO NOSSA DE CADA DIA
É solitário ser eu,
Dentro da minha necessidade,
De expressar meus sentimentos.
É solitário ser eu...
Quando só eu admiro a lua,
O nascer e o por do sol.
Então num movimento brusco,
Rasgo o véu das minhas entranhas,
Em busca de novos versos,
Que possam identificar,
Essa solidão de ser solitário.
Resmungo palavras desconexas,
E delas saem poemas identificados,
Que às vezes só eu consigo decifrá-los.
É solitário ser eu...
Quando sou obrigado a dar o ultimo adeus,
A mulher amada.
E o lenço branco abanando,
É a ultima visão de paz,
Que meus olhos colecionaram.
É solitário ser eu...
Quando com as mãos postas,
Elevo meu olhar e pensamentos ao alto,
Numa comunhão intima.
E dela saem confissões, pedidos, questões...
E fico estático a espera das respostas,
Que na maioria das vezes,
Elas já estão a minha disposição.
Mas a minha condição de solitário,
Exigem que elas sejam retumbantes,
Para eu preencher com sons,
Esses ouvidos que não reconhecem,
Que é no silencio que ELE me fala.
É solitário ser eu...
Quando não consigo identificar um afago nos cabelos,
Um carinho demorado na pele sensível,
Um murmúrio ofegante,
Um convite para um passeio,
Um momento de amor.
É solitário ser eu...
Quando clamo por essa voz que me chama,
E exijo que ela seja mais convincente,
Que ela me surpreenda mais vezes.
É a mesquinhez da minha solidão,
Que me deixa tão severo.
É o preço que imponho,
Como se esse debito fosse dos outros.
E no fundo a solidão é minha,
É o egoísmo exacerbado,
Que me prende que me castra, que exige demais.
Quanto mais solitário, mais caro.
Quanto mais solitário, menos eu.
Quanto mais solitário, apenas eu
É solitário demais ser só eu!
Di Camargo, 01/12/2009