Ao acaso

Acaso, a ti tenho que falar

Já achei o teu retrato

Amassado, inacabado, rasurado

Desgastado de tanto usar

Satisfações, certamente te devo

Lamentações, talvez, te clamo

Confidencio a ti os meus desejos

Meus amores e meus planos

É certo que é fácil para mim

Entregar nas tuas mãos a minha vida

Mas uma flor só nasce em um jardim

Se nele houver condições de ser florida

Sei que mereço pouca coisa

Do pouco que tenho, muito eu faço

Adivinhar o que me espera, que coisa doida

Se de mil rabiscos, escolho um traço

Futuro meu, irmão do imprevisto

Sei que não é de mim, querer a solidão

Sentado na poltrona da vida, atento, assisto

Tu desenhares as estradas que percorro com o coração