Rosa Abandonada
Hoje vi uma rosa abandonada na calçada,
suas pétalas ainda carregava um vermelho tão vivo, tão intenso,
que senti pena dela por ter sido desprezada.
Talvez ela tenha sido esquecida,
e num mergulho que significa a própria vida,
escapuliu das mãos de quem a recebeu,
e caiu ali no chão tão duro e frio,
onde o tempo a consome sem carinho
e as pessoas pisam como se não tivesse valor.
A vida tem tantas erradas
que numa dessas a rosa sou eu, você, alguem jogado nessa vida,
esquecido para o amor, porque um dia sem querer despencou
daquele buquê tão lindo de flores,
que alguém carregava,
com o largo sorriso e no pensamento um amor
como se amanhã não tivesse para viver
e nenhum dia se colorisse de ilusão.
E olhei por um instante a rosa que secava,
e a multidão andarilha passava e nem olhava
enquanto despeçada era,
na calçada, em alguma viela suja, estreita, imunda.
O teu perfume natural pouco a pouco se perdeu,
seu vermelho sangue se esvaiu,
nas pétalas apenas o velho enegrecido,
perdida em triste prantos,
tenta clamar a poesia perdida
nas vielas da vida sucumbe.
A rosa despedaçada, não brigou com ninguém,
nao fez nada, viveu apenas e sorriu
e derramou de teus lábios o perfume inocente
foi ferida e morreu naquela tarde,
seca, desidratada, amargurada...